quinta-feira, 2 de abril de 2009

Uma Santa Páscoa!

Hoje chorei na minha janela!

A minha infância teve momentos muito difíceis, muito tristes. Nalguns desses momentos, eu lembro-me de ir para a janela do meu quarto, abrir a cortina e chorar na janela. A minha esperança era que alguém me visse a chorar e viesse ter comigo, me consolasse e me levasse dali. Isso nunca aconteceu.
Por estes dias voltei a chorar “na minha janela”. Tive uma desilusão grande, que veio de uma pessoa que não era suposto desiludir-me da forma como o fez. Fiquei zangada, triste, revoltada e fui chorar na minha janela. Queria que tivessem pena de mim, que me levassem dali, porque, afinal, eu tinha sido traída, magoada por alguém que não o devia ter feito. Chorei na minha janela algum tempo, tempo demais. O meu marido dizia-me que a nossa obrigação, como cristãos, é amar as pessoas, independentemente dos seus actos, que é isso que Jesus nos diz para fazer. Que a nossa marca, como cristãos, é o Amor e que devemos sempre confiar naquilo que o Senhor tem para nós, que devemos esperar em Deus. Não quis ouvir, porque queria chorar na minha janela.
Lembrei-me que se aproxima a Páscoa e lembrei-me da Última Ceia de Jesus com os seus discípulos. Jesus levanta-se, tira o manto, põe uma toalha e vai lavar os pés aos seus amigos. Pedro reclama e diz que não quer que o seu Senhor lhe lave os pés. Ora, eu identifico-me sempre muito com Pedro. Pedro ama Jesus, Pedro está lá com Jesus desde o início, Pedro sabe quem Jesus é, mas às vezes é impulsivo, acha que sabe mais que o seu Mestre e, mais, do que isso, acha que pode mudar o rumo da história. Pedro, aqui, na minha opinião, ainda não tinha compreendido, profundamente, no seu coração, quem era Jesus, que tipo de Mestre e Senhor era Jesus e é, por isso, que ele se espanta “Senhor, lavas-me os pés a mim?” (Jo.13, 6). Jesus ainda lhe diz: “O que eu faço não o sabes tu agora, mas tu o saberás depois”(Jo. 13, 7). Mas Pedro insiste: “Nunca me lavarás os pés ”(Jo. 13, 8). Mas Jesus diz-lhe que se: “Se eu te não lavar os pés, não serás meu discípulo!”. (Jo. 13, 9). Então Pedro, que como eu, acha que mais é melhor, responde: “Senhor, não somente os meus pés, mas também as mãos e a cabeça.” Ao que Jesus responde: “Aquele que já está tomou banho, não necessita de lavar senão os pés, pois no mais está todo limpo; e vós estais limpos…”
Ora, perguntam vocês o que tem a ver isto com a “minha janela”?
Dei por mim a pensar que, como seguidora e discípula de Jesus, eu já tomei banho, porque aceitei que Jesus entrasse na minha vida e fosse o meu Senhor e o meu Salvador. No entanto, não sou perfeita, porque, como diz Jesus, tenho que “lavar os pés”, pois peco e, assim, há parte de mim que precisam de ser limpas e se eu não aceitar isso não sou verdadeira discípula. Eu peco! EU! Não são só os outros que causam desilusão, engano e sofrimento. EU também o faço e foi isso que fiz quando me limitei a ir “chorar na minha janela”, quando me deixei levar pela raiva e pelo desespero. Sujei os pés e precisei de os lavar.

Outra coisa que emociona sempre nesta passagem bíblica, é o facto de vermos Jesus como o Verdadeiro Mestre e Senhor. Quero com isto dizer, que Jesus, Verdadeiro Mestre e Senhor, toma uma atitude de servo para com os seus amigos e irmãos. Apresenta-se de uma forma bastante radical. O verdadeiro líder é o que serve!
“Ora, se eu, Senhor e Mestre, vos lavei os pés, vós deveis também lavar os pés uns aos outro (Jo, 13,14). Mais do que isso, Jesus diz que devemos fazer o mesmo que ele fez: “Porque eu vos dei o exemplo, para que, como eu vos fiz, façais vós também”(Jo, 13,15).
Mais uma vez lembrei-me da “minha janela.” Não deveria, como discípula de Jesus, ter tido uma atitude menos orgulhosa? Afinal, pus-me numa situação de superioridade relativamente àquela pessoa e relativamente à minha tristeza. Não digo que não deveria ter ficado triste e desiludida. Afinal sou humana. Mas, o deixar-me levar por esses sentimentos, o alimentar o ressentimento não foi uma atitude de quem está disposto a lavar os pés aos seus irmãos.
Quando era criança, chorava na minha janela porque sofria e porque achava que ninguém me podia ajudar. Hoje não sou criança, nem em anos, nem em fé. Paulo diz na 1.ª Carta aos Coríntios, no capítulo 13, “quando eu era criança, pensava como criança, sentia como criança. Agora que sou adulto, parei de agir como criança.” Hoje tenho em quem me apoiar, sei que Deus está comigo, que “tudo posso N’Aquele que me fortalece” (Fil. 4, 13).
Paz e Bem!

quarta-feira, 1 de abril de 2009

Encontro da Zona Norte - Montariol, 28 de Março 2009

“Que quereis que eu faça, Senhor?”

Esta foi a interpelação proposta para o dia do nosso encontro em Montariol a 28/03/2009.
Antes de mais, pensamos que vos devemos enquadrar do espírito com que foi preparado este dia pela Maria José, Augusto, Belisa e Isabel.
Depois do encontro de Paranhos de 31/01, em que nos centramos na dicotomia do SER/TER, a equipa que dinamizou este dia, achou por bem centrar a reflexão e partilha na questão do SER.
O nosso encontro iniciou-se por volta das 11h30m com a oração inicial baseada num dos textos das Fontes Franciscanas (TC 6) em que Francisco questionava o que o Senhor queria dele. Esta interpelação serviu para nos introduzir no tema do dia, propondo-nos uma paragem, reflexão acerca das nossas origens, da nossa identidade e do caminho que pretendemos seguir. Saliente-se a forma original da apresentação de cada um, em que todos foram convidados a desenhar um símbolo que servisse para se identificar/caracterizar. Surtiu um resultado interessante! Todos diferentes mas no fundo todos manifestando um mesmo ardor e desejo de estar com Ele e com os outros.
Depois de um almoço partilhado, tivemos oportunidade de ouvir o Frei Nicolás, em que nos apresentou o tema “A questão do SER, quem somos?”
Da reflexão feita e, em jeito de síntese, registem-se as ideias fundamentais:
Quanto mais soubermos da nossa origem, melhor podemos conhecer quem somos. Temos raízes franciscanas, logo, quem passou pela Jufra nunca poderá deixar de ser franciscano;
Aonde queremos chegar? Somos seres em busca! A LUZ é o que nos permite ver. Tal como Francisco, buscamos essa LUZ, seja nos outros, na natureza,... Tudo nos permite comunicar com o Senhor!
Nós somos filhos de Deus, temos uma marca divina. O SER, apresenta 3 dimensões, dentro da lógica trinitária, como reflexo da Santíssima Trindade:
- Unidade
- Verdade
- Bondade
Pelo Pai, somos irmãos.
A encarnação de Jesus Cristo na humanidade traz a Verdade do nosso ser.
Todo o ser humano é bom por natureza, inspirado pelo Espírito Santo.
O ser humano é aberto à relação. É isto que dá sentido à sua vida e por isso deve ter em conta os seguintes horizontes:
- O franciscanismo espera de nós um novo humanismo;
- Nova interpelação do ser humano;
- A civilização da Paz;
- Harmonia com a natureza;
- Clima de festa.
Após breve partilha da reflexão suscitada pelo tema, passamos a ouvir o Frei Paulo Coelho que nos apresentou o projecto “DOMUS FRATERNITAS”. Este projecto visa acolher e cuidar de pessoas com SIDA e/ou toxicodependentes. Esta Fundação de Solidariedade Social, cuja entidade promotora é PROVÍNCIA PORTUGUESA DA ORDEM FRANCISCANA, foi apresentada a 1/Dez/93, tem neste momento em curso a execução do projecto designado POVERELLO (Pólo de cuidados continuados, integrado na Rede Nacional de Cuidados Continuados Integrados- RNCCI).
A Via-Sacra realizada na mata de Montariol, orientada pela Irmã Jacinta, foi o momento culminante do nosso encontro, enquadrado neste tempo de Quaresma.
Antes de nos despedirmos, fizemos o “sorteio” e a transmissão da Vela para os próximos dinamizadores do encontro a realizar a 24/05/2009. Assim, o Ângelo e a Xana assumiram esta responsabilidade em espírito de serviço, ficando agora à espera que todos nos empenhemos para boa divulgação do mesmo.
Há por último a referir que estivemos cerca de 40 pessoas, mais os nossos filhos (e estiveram 22!).
Bem-haja a equipa que preparou este encontro, em que todos saímos mais ricos e animados em Francisco de Assis.
PAZ e BEM!

Teresa e Olívia